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Por Henrique Britto
Na correria do dia a dia, muitos pais encontram nas telas uma solução prática para manter os filhos entretidos e, muitas vezes, mais “comportados”. No entanto, essa facilidade pode ter um custo significativo para o desenvolvimento da linguagem e outras habilidades fundamentais. O fonoaudiólogo Michael Sabino, especialista em audiologia, mestrando em Ciências da Reabilitação e coordenador do curso de Fonoaudiologia da UNAMA Santarém, alerta para os riscos do uso excessivo de dispositivos eletrônicos por crianças.
Tempo de tela x Desenvolvimento da linguagem
Sabino destaca que o tempo excessivo em frente às telas está diretamente relacionado a dificuldades no desenvolvimento da linguagem infantil. “Quando uma criança usa uma tela, ela perde a oportunidade de interagir diretamente com outras pessoas. Essas interações – conversas, brincadeiras, troca de olhares – são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem. As telas, por mais educativas que pareçam, não substituem a riqueza de um diálogo ao vivo”, explica o especialista.
Impactos na fala e interação social
“O uso excessivo de telas pode prejudicar a interação social das crianças, dificultando o desenvolvimento de habilidades como entender emoções, se expressar claramente e resolver conflitos”, pontua Sabino. De acordo com o fonoaudiólogo, um dos maiores riscos é a redução do estímulo auditivo e verbal, que são cruciais para o desenvolvimento da fala e da linguagem.
Fique de olho
Para identificar se o uso excessivo de telas está afetando a linguagem, Sabino menciona alguns sinais de alerta, como dificuldades para formar frases, vocabulário reduzido, falta de atenção durante conversas e desinteresse em interagir verbalmente. O especialista reforça as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Academia Americana de Pediatria: crianças menores de 2 anos não devem ser expostas às telas, enquanto aquelas entre 2 e 5 anos devem ter o tempo de uso limitado a, no máximo, uma hora por dia, sempre com supervisão e conteúdo adequado.
Atividades recomendadas
Para minimizar os impactos negativos das telas, Sabino sugere momentos de interação sem dispositivos, como contar histórias, cantar músicas e brincar com jogos de palavras. “Estudos recentes confirmam a relação entre o uso excessivo de telas e atrasos na linguagem, especialmente em crianças pequenas”, ressalta.
Mantenha o equilíbrio
“Estabelecer limites claros para o tempo de tela e garantir que esse tempo seja produtivo, com conteúdos educativos e interação, é essencial”, afirma Sabino. Ele reforça que priorizar atividades interativas, como brincadeiras ao ar livre, leitura e jogos de tabuleiro, pode fazer toda a diferença no desenvolvimento infantil.
Procure um profissional
Sabino recomenda aos pais que estejam presentes e integrem momentos de qualidade na rotina familiar. Para casos de atrasos na linguagem relacionados ao uso excessivo de telas, o acompanhamento com um fonoaudiólogo é fundamental. “Cada criança é avaliada individualmente, e os pais são envolvidos na criação de estratégias para estimular o desenvolvimento da linguagem. A presença ativa dos responsáveis, aliada ao controle do tempo de tela, é essencial para garantir um desenvolvimento linguístico saudável”, finaliza o especialista.
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