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Por Quezia Dias
A crise climática tem impactado diversos setores ambientais e plantios, se tornando uma das causas da alta dos preços de alimentos agrícolas. Nos últimos meses, o café tem ocupado o maior preço para o consumidor brasileiro, atingindo alta nas prateleiras dos supermercados. A criação de estoques reguladores durante a safra é uma alternativa de aproveitamento e controle do encarecimento dos produtos.
A agricultura tem um ciclo natural de plantação e colheita. No entanto, esse processo tem sofrido alterações causadas pelas secas sazonais e ações humanas, que intensificam queimadas e focos de incêndio, atingindo o plantio e o solo. De acordo com João Cláudio Arroyo, pesquisador de Economia Solidária da UNAMA - Universidade da Amazônia, o uso desenfreado de tecnologias agrícolas também pode alterar o cultivo dos alimentos e potencializar as mudanças no clima com a emissão de gases de efeito estufa.
"As secas e inundações são impasses na agricultura, principalmente familiar, pela diminuição da produção. Muitas vezes, há perda de colheita e esse fenômeno encarece os itens no mercado, provocando a escassez na mesa do brasileiro. Uma das ações humanas que contribui para o desequilíbrio ambiental é a tecnologia industrial, interrompendo processos fundamentais para a colheita e criando uma dependência tecnológica na plantação", afirma.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), café, tomate e cenoura lideram a maior alta dos preços. Por exemplo, o café ficou 50,32% mais caro somente nos últimos 12 meses. Para Arroyo, a tendência de valores elevados ainda é incerta e só deve se concretizar caso não haja mudança de comportamento na sociedade, com a finalidade de preservar a natureza e promover técnicas sustentáveis e econômicas na agricultura. Ele ainda cita o uso de armazéns reguladores para suprir a falta ou baixa produção agrícola, aumentando a oferta nos supermercados para o consumidor.
"O aumento dos alimentos não é um problema recente, mas os impactos climáticos podem provocar ainda mais a elevação se não forem feitas mudanças de hábitos, como uso de produtos e tecnologias que devastam a floresta, empobrecem o solo e afetam o equilíbrio ecológico. Uma solução para economizar o bolso do brasileiro é a criação de armazéns de regulação para itens não perecíveis, como grãos. Os legumes também podem ser estocados durante a safra. Essas estratégias permitem o produto circular mesmo com a alta dos preços, aumentando a oferta e diminuindo a escassez de comidas às famílias", conclui.
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